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Joaquim Evangelista responde aos leitores
desenvolvido porJotCast
Joaquim Evangelista
3:29
Boa tarde a todos. Sou Joaquim Evangelista, Presidente do Sindicato dos Jogadores Profissionais de Futebol e espero que todos os que participam neste fórum estejam de boa saúde, assim como as suas famílias. Num momento em que esta crise nos afecta, o futebol não é indiferente e, por isso, gostava de contribuir ajudando a esclarecer os leitores sobre alguns dos temas que ao desporto dizem respeito.
cool 2
João
3:30
Boa tarde. Não acha que os jogadores, que têm os salários mais altos do futebol, devem ser solidários nesta altura de crise?
Joaquim Evangelista
3:38
Os jogadores sempre souberam ser solidários, em momentos de crise, e não será diferente desta vez. Do nosso ponto de vista, para exigir sacrifícios importa, por um lado, quantificar os prejuízos, avaliar as medidas que estão a ser equacionadas para manter a estabilidade financeira dos clubes e das competições e na posse de todos esses elementos contribuir para soluções que protejam, em especial, os jogadores e clubes em situação de maior fragilidade. Como em qualquer sector, o que se espera é que os sacrifícios impostos sejam os necessários e suportados proporcionalmente, ou seja, em função da capacidade financeira de cada um. O sindicato não aceita a imposição de sacrifícios para benefício daqueles que têm promovido uma gestão desportiva irresponsável e que antes desta crise já não cumpriam e viviam acima das suas possibilidades.
cool 1
João Menezes
3:40
Boa tarde Joaquim Evangelista. Os jogadores parecem ser o elemento esquecido nesta crise do futebol e são quem faz a indústria verdadeiramente mexer. Por isso, faço-lhe a seguinte questão: Estão eles mentalmente preparados para voltar a treinar mal o pico da pandemia aconteça, como querem os clubes e as demais entidades, Liga, FPF, UEFA, FIFA, etc? Outra dúvida: qual tem sido o papel da FIFPro no meio desta confusão toda?
Joaquim Evangelista
3:46
Obrigado João. Essa é uma preocupação que temos mantido no acompanhamento desta "paragem forçada". A saúde dos jogadores está em primeiro lugar, pelo que nem se equaciona o regresso à competição sem uma aprovação das entidades públicas de saúde (no caso a DGS), nem o regresso à competição pode descurar a condição física (e mental), bem como o tempo de descanso entre jogos, para garantir a recuperação. Temos de ouvir o que nos dizem os especialistas médicos, isso é claro. Quanto à FIFPro, cujo board integro, tem estado em articulação com as Ligas Europeias, ECA e UEFA, no sentido de harmonizar soluções. Sendo uma organização de dimensão mundial tem procurado ser um "farol" no mundo desportivo atendendo às diferentes realidades desportivas e aos atropelos muito graves que a crise provocada pelo COVID-19 está a potenciar em muitos países. A articulação com os sindicatos nacionais tem sido diária, o próprio sindicato português tem estado em permanente contacto com jogadores portugueses a jogar no estrangeiro.
Pedro José
3:47
Os clubes que usam truques para pagar algumas verbas por baixo da mesa aos seus jogadores vão estar agora com mais dificuldades, certo? Tudo o que não é devidamente declarado vai fazer muita falta agora
Joaquim Evangelista
3:54
Boa tarde Pedro. A situação no Campeonato de Portugal é a que mais nos preocupa. Sendo uma competição não profissional, tem centenas de jogadores profissionais, com vínculos precários, os chamados "falsos amadores" e muitas verbas são pagas por acordo verbal. Estes jogadores também têm de ser pagos, de forma voluntária ou com recurso a tribunal. O sindicato não deixará nenhum jogador para trás, criámos um grupo de trabalho com os capitães de todas as competições, e no CP já informámos que os as situações urgentes terão resposta do Fundo de Garantia Salarial. É urgente introduzir um modelo de licenciamento que garanta igualdade entre competidores (há clubes que cumprem e devem também ser protegidos) e proteger os atletas em dificuldade.
Ricardo Nunes
3:55
Boa tarde. Não havendo mais Campeonato de Portugal, acha que se podia intervir de alguma forma para ajudar jogadores e treinadores sem contrato (sim, porque a maioria não têm contrato, são amadores, e correm grande risco do clube não lhes pagar Fevereiro, Março e por aí fora)? De que forma?
Joaquim Evangelista
3:55
Boa tarde Ricardo. Do nosso ponto de vista enquanto houver possibilidade de se concluir a competição devemos manter a hipótese em aberto, não sendo possível, os apoios aos clubes devem depender da garantia dos postos de trabalho, isto é, não podemos tomar uma decisão que os clubes aproveitem para deixar em definitivo de cumprir as suas obrigações.
a.fernandes.
3:58
O futebol não deveria parar até próxima época?
Joaquim Evangelista
3:59
O futebol tem que acompanhar o resto da sociedade e seguir as recomendações da DGS, não há volta a dar. Podemos e devemos estar preparados para voltar à normalidade, mas conscientes de que não depende só de nós.
Alfredo Vieira
3:59
Não acha que para evitar salários em atraso é um maior controlo e transparência, que os salários dos jogadores deviam ser pagam pela Liga direitamente aos jogadores e os clubes pagavam à Liga?
Joaquim Evangelista
4:02
Boa tarde Alfredo. A Liga é a entidade reguladora, como tal deve garantir que as regras são cumpridas por todos os competidores. Clubes e sociedades desportivas, como qualquer empregador, devem ter a liberdade de gestão, cabendo essa fiscalização dos actos dos órgãos de direcção aos seus sócios. Importa é melhorar os instrumentos de controlo financeiro de modo a assegurar a integridade das competições e a verdade desportiva.
Rute Santos
4:03
Boa tarde Joaquim Evangelista... Não teme que se os jogadores não forem solidários nesta hora possam os clubes, grande parte deles, ir à falência e para o ano não terem contratos com jogadores?
Joaquim Evangelista
4:08
Boa tarde Rute. O futebol, depois desta crise, vai ter necessariamente de se ajustar. Nessa altura serão os clubes, como sempre a ter de fazer escolhas, a gerir o orçamento, criar reservas e viver dentro das suas possibilidades, assinar ou não contratos que podem honrar. Nunca foram os jogadores a colocar em causa esta indústria, pelo contrário, são responsáveis pelas receitas geradas, directa ou indirectamente. A indústria do futebol tem capacidade para se reinventar e ultrapassar esta crise.
Zé Luís
4:08
Não acha que os jogadores já se deviam ter manifestado disponíveis para cortes nos salários como acontece um pouco por toda a Europa?
Joaquim Evangelista
4:10
Boa tarde Zé Luís. O sindicato e os jogadores estiveram sempre disponíveis para fazer sacrifícios. Exigem é que os prejuízos sejam quantificados e partilhados por todos, de uma forma justa e equilibrada. Ninguém aceita prescindir de direitos sem saber em que medida e para quê.
João Almeida
4:11
Tem conhecimento de algum caso em Portugal de jogador infectado com o coronavírus?
Joaquim Evangelista
4:11
Boa tarde João. Até à data, felizmente não conhecemos nenhum caso.
André Claro
4:12
Boa tarde Dr., existe ou não a possibilidade de os clubes reduzirem os salários dos jogadores unilateralmente? Ou isto só é possível através de um acordo com o Sindicato?
Joaquim Evangelista
4:13
Boa tarde André. Não é possível a redução salarial de forma unilateral. Coisa diferente são as medidas de emergências aprovadas pelo governo e neste caso os clubes terão de preencher os requisitos legais. Por exemplo, no caso do lay-off que tanto se fala, o empregador deverá comunicar a sua intenção ao sindicato, disponibilizando para consulta os documentos financeiros e contabilísticos em que suporta a sua situação de crise.
Guest
4:14
Boa tarde dr joaquim envagelista, agora com os tribunais fechados, como ficam as situações de rescisões de contrato por justa causa. E quem tem no contrato premios que podiam ser alcançados pelas equipa e receber esses mesmos premios, e se acabar, como fica essa situação?
Joaquim Evangelista
4:16
Boa tarde. Neste momento, os jogadores que tenham uma justa causa, nos termos previstos na lei, nomeadamente incumprimento salarial, podem exercer esse direito. No caso dos prémios, não se verificando a condição acordada para o seu vencimento, em abstracto, não poderão ser exigidos. De qualquer maneira, os jogadores com dúvidas de natureza legal a todo tempo podem contactar o nosso departamento jurídico.
Mário Duarte
4:17
Boa tarde Dr. Evangelista. Sobre o Fundo de Garantia que a FIFA vai lançar em Junho, foi ele originalmente pensado para casos em que o clube ou o jogador tenham decisões emitidas pelos órgãos da FIFA a seu favor mas por algum motivo mesmo assim não consigam executar essas decisões (por falência dos clubes por ex.) ou também para casos em que tenham decisões emitidas pelos órgãos decisórios das associações nacionais como a FPF?
Joaquim Evangelista
4:19
Boa tarde Mário, o Fundo de Garantia da FIFA está a ser regulamentado e contempla créditos de decisões de órgãos jurisdicionais nacionais (por exemplo tribunais portugueses) e internacionais (FIFA ou CAS), quando o clube é extinto. Para o efeito, o pedido do jogador deverá ser feito ao sindicato nacional responsável pela instrução do requerimento.
Sérgio Ferreira
4:20
Boa tarde. Concorda que seja jogada uma finalíssima do campeonato, entre Benfica e FC Porto, no caso de não se poder concluir as 10 jornadas em falta da competição?
Joaquim Evangelista
4:22
Boa tarde Sérgio. Na defesa da integridade das competições, a solução que todos desejam é que se realizem os jogos em falta. Não sendo possível, cabe à Liga (clubes) encontrar a melhor solução. Sinceramente, esta solução não nos parece fazer sentido.
Sérgio
4:22
A FPF divulgou hoje a lista de comissões pagas a agentes. Acha normal que o Aves tenha gasto 115 mil euros a pagar a agentes e não pague salários desde dezembro?
Joaquim Evangelista
4:25
Boa tarde Sérgio. A resposta à crise passa por olhar aquilo que tem sido um encargo pesado sobre os clubes e "retira dinheiro" do futebol. As comissões a agentes é manifestamente um desses casos. Já disse anteriormente que não faz qualquer sentido estar a prescindir do direito ao salário para beneficiar clubes que fazem este tipo de gestão. O caso do Aves é um exemplo claro de gestão criminosa, com a agravante de associarem o não pagamento à crise de saúde, quando o problema já era muito anterior.
MÁRIO DA SILVA JESUS
4:25
Boa Tardee, Senhor Joaquim Evangelista, na sua qualidade de Presidente do SIndicato dos Jogadores, será que há condições para que as Ligas de Futebol, possam terminar. Os meus cumprimentos e obrigado.
Joaquim Evangelista
4:26
Boa tarde Mário, já fui respondendo, reitero que neste momento existe essa expectativa, mas a decisão final depende da DGS.
Tiago Dias
4:27
Acredita que os valores quase pornográficos que se praticam no futebol, salários, transferências e até comissões, vão deixar de acontecer após esta crise?
Joaquim Evangelista
4:29
Boa tarde Tiago. A crise é uma oportunidade para ajustar o futebol português à sua dimensão, se os clubes o vão fazer é outra questão. Conhecendo a natureza humana, diria que infelizmente os dirigentes vão retomar a maioria das práticas, a não ser que o regulador (Liga e Federação) imponham outras regras e sanções adequadas.
João Menezes
4:30
Joaquim Evangelista, boa tarde novamente. Alguns jogadores do Aves têm sido alvo de processos disciplinares por virem a público falar sobre os ordenados em atraso. A situação já era pública, denunciada até pelo Sindicato de Jogadores. Até que ponto pode o Aves castigar os seus próprios jogadores acusando-os de dizerem algo que já era público? O Sindicato está a fazer algo por estes jogadores?
Joaquim Evangelista
4:32
João, sabemos disso, estamos a acompanhar e obviamente que é uma tentativa inaceitável de condicionar a liberdade de expressão, mais grave é um clube que não cumpre com as obrigações básicas e está preocupado se os seus jogadores "desabafam" publicamente, sobre factos, aliás, verdadeiros e já tornados públicos pelo seu sindicato. É uma atitude lamentável e cobarde de quem gere o Aves. Seja o Presidente, seja a Directora Executiva (que era, deixou de ser e voltou a ser). Enfim...
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Guest
4:35
Qual é o salário médio de um jogador da Liga portuguesa?
Joaquim Evangelista
4:41
Boa tarde. Os salários mínimos das competições portuguesas são: I Liga salário mínimo nacional x 3 (1.905 €); II Liga, salário mínimo nacional x 1,75 (1.111,25 €), Campeonato de Portugal, salário mínimo nacional x 1,5 (952,50 €)(valores brutos). Os salários médios rondam entre 4.000 € e 5.000 € na I Liga, 1.000 € a 2.500 € na II Liga e a rondar o salário mínimo no CP. Acresce que, com a excepção dos clubes grandes, a maioria dos clubes pratica salários baixos. Recentemente a FIFA identificou num relatório que Portugal tem uma das massas salariais mais reduzidas entre as principais Ligas europeias.
Luísa
4:43
Boa tarde dr. Joaquim Evangelista. É um prazer ler as suas respostas. Deixe-me perguntar-lhe, qual foi o caso humano que mais o marcou neste percurso que leva como presidente do Sindicato? Que tudo corra bem consigo nesta quarentena.
Joaquim Evangelista
4:47
Boa tarde Luísa, já tivemos casos muito difíceis de gerir, a todos os níveis, e são esses que nos mobilizam e inspiram todos os dias. A resposta a esses casos é que nos define enquanto instituição. Um dos que recordo com mais tristeza, pela amizade que mantínhamos, foi o do João Manuel, ex-capitão do Leiria, que veio a falecer vítima de esclerose múltipla.
Zé Luís
4:48
Há situações muito complicadas por falta de pagamentos dos clubes?
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